Entendendo o que são Gastrite e Colite
Na medicina moderna, gastrite e colite são classificadas como inflamações distintas que afetam partes específicas do sistema digestório. A gastrite refere-se à inflamação da mucosa do estômago, enquanto a colite envolve o intestino grosso, também chamado de cólon. Embora sejam processos distintos, compartilham uma ligação profunda com o sistema nervoso, com a alimentação e, como veremos mais adiante, com o estado emocional do paciente.
Ambas as doenças têm se tornado cada vez mais comuns em um mundo marcado pela pressa, estresse, má alimentação e, sobretudo, por um estilo de vida dissociado da escuta interna. A gastrite é frequentemente associada à acidez estomacal, queimação, náuseas, sensação de empachamento e dores abdominais após as refeições. Já a colite, por sua vez, manifesta-se com episódios de diarreia ou prisão de ventre, cólicas intestinais, distensão abdominal e, nos casos mais graves, presença de muco ou sangue nas fezes.
Apesar de parecerem quadros exclusivamente físicos, ambos revelam muito mais do que desequilíbrios bioquímicos, são, em muitos casos, reflexos diretos de conflitos emocionais não resolvidos ou de vidas carregadas de frustrações não digeridas.
A Visão Mecaniscista: Diagnóstico e Tratamento Convencional
Sob a ótica mecanicista, predominante na medicina ocidental, tanto a gastrite quanto a colite são vistas como inflamações provocadas por agentes internos ou externos, cujo tratamento visa o alívio dos sintomas e a eliminação do agente agressor.
Gastrite:
Na abordagem médica convencional, as principais causas são:
Infecção por Helicobacter pylori
Uso prolongado de anti-inflamatórios e medicamentos irritantes
Consumo excessivo de álcool e alimentos ultraprocessados
Estresse crônico (admitido como fator secundário)
O tratamento inclui bloqueadores de ácido (como omeprazol ou ranitidina), antibióticos para erradicar o H. pylori e, em alguns casos, mudanças na alimentação. A visão é de que a gastrite é um “defeito” no revestimento do estômago, que deve ser corrigido por remédios ou controlado de forma crônica.
Colite:
A colite, por sua vez, é subdividida em várias formas, colite ulcerativa, colite nervosa, colite infecciosa, mas, em todos os casos, a medicina convencional entende que a inflamação decorre de:
Alterações imunológicas
Infecções bacterianas ou virais
Distúrbios autoimunes (como a retocolite ulcerativa)
O tratamento envolve desde antibióticos até imunossupressores, antiespasmódicos e, nos casos mais graves, cirurgias. Assim como na gastrite, o foco da medicina moderna está em apagar o incêndio, mas raramente se investiga o porquê do incêndio estar sempre voltando.
A Alimentação Moderna e o Combustível da Inflamação
A gastrite e a colite não podem ser dissociadas dos hábitos alimentares modernos. O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em corantes, conservantes, açúcares refinados e gorduras oxidadas, transforma o sistema digestivo em um campo de batalha diário. O estômago, projetado para receber alimentos naturais, ricos em fibras, nutrientes e enzimas vivas, hoje é forçado a lidar com substâncias quase plásticas, desprovidas de energia vital.
O intestino grosso, responsável pela absorção final e eliminação, torna-se um depósito de resíduos fermentados, o que favorece o desequilíbrio da microbiota intestinal, um dos principais fatores associados ao surgimento de colites. Além disso, o uso frequente de antibióticos, inclusive de forma indireta via carne animal industrializada, destrói bactérias benéficas e enfraquece a imunidade intestinal.
Não é coincidência que, nas últimas décadas, o número de pessoas com síndrome do intestino irritável e gastrite crônica tenha se multiplicado. O corpo está reagindo à incoerência entre o que ingerimos e o que deveríamos realmente nutrir. Alimentar-se não é apenas preencher o estômago: é nutrir a alma com consciência, presença e equilíbrio.
A Visão Vitalista: A Digestão como Espelho da Alma
Para as abordagens vitalistas, que envolvem sistemas como o Ayurveda, a Medicina Tradicional Chinesa, a Antroposofia e práticas herméticas, gastrite e colite não são apenas doenças. São expressões físicas de distúrbios energéticos, emocionais e existenciais. O corpo, nesse entendimento, grita onde o espírito foi ignorado.
Gastrite: Fogo Interior sem Canalização
Na visão vitalista, a gastrite costuma estar associada a emoções inflamadas, como raiva reprimida, frustrações acumuladas e ansiedade constante. O estômago, órgão que inicia a digestão, representa simbolicamente a nossa capacidade de “digerir” o que vivemos.
Um paciente com gastrite, segundo essa abordagem, não está apenas sofrendo com ácido clorídrico excessivo, mas com “palavras entaladas”, mágoas não expressas e uma vida que ele não consegue engolir.
A energia do elemento fogo, comum no estômago, pode estar exacerbada, gerando calor em excesso que literalmente queima a mucosa gástrica.
O tratamento vitalista inclui:
Ervas calmantes e digestivas, como camomila, espinheira-santa e alcaçuz
Práticas respiratórias e meditativas para reduzir o fogo interno
Mudanças de estilo de vida e resgate do prazer nas refeições
Trabalhos terapêuticos para ressignificação emocional
Colite: Fragilidade da Terra Interior
A colite, por sua vez, aponta para uma dificuldade em “eliminar” aquilo que não nos serve mais. Em termos esotéricos, o intestino grosso é regido pelo elemento terra e está diretamente relacionado à nossa capacidade de desapego.
A pessoa que sofre de colite nervosa, por exemplo, pode estar retendo sentimentos, situações ou pessoas além do tempo necessário. Em outras situações, pode estar em um fluxo constante de perdas, vivendo experiências que escapam ao seu controle.
Na medicina chinesa, o intestino grosso está associado ao pulmão e ao luto. Não por acaso, pacientes com colite frequentemente relatam episódios de perda, tristeza prolongada ou depressão.
O tratamento inclui:
Acupuntura e práticas de harmonização do Qi (energia vital)
Ervas com ação tonificadora e reguladora intestinal, como boldo, gengibre e cúrcuma
Trabalho psicoterapêutico com foco em lutos e desapego
Alimentação natural e ritualizada, com ênfase na mastigação consciente
O Sistema Digestivo como Centro Energético
No mapa energético do corpo humano, especialmente segundo a tradição hindu e a medicina hermética, o estômago e os intestinos estão ligados ao terceiro chakra, o plexo solar, cuja energia governa a vontade, a autoestima e o poder pessoal. Quando esse centro energético está em desequilíbrio, seja por submissão, raiva reprimida ou insegurança, os órgãos associados começam a manifestar sintomas físicos.
A gastrite está profundamente ligada à energia solar em excesso, enquanto a colite representa a flutuação desordenada entre retenção e eliminação energética. É como se o indivíduo estivesse tentando controlar aquilo que já deveria ter sido processado e deixado ir. Em ambos os casos, há uma ruptura entre o fluxo natural da vida e o controle excessivo da mente racional.
Práticas como Reiki, meditação tântrica e alinhamento dos chakras são ferramentas poderosas para restaurar a harmonia no sistema digestivo. O que a medicina convencional chama de “intestino irritável”, a tradição esotérica vê como um centro energético saturado de emoções não reconhecidas.
O segredo da cura, portanto, não está apenas nos alimentos ou nos remédios, mas na reconexão com a força vital que habita cada digestão, física e emocional.
A Raiz Emocional: O Corpo Fala o que a Boca Cala
Tanto a gastrite quanto a colite, em sua forma mais crônica, denunciam um padrão comum de vida: a desconexão com o próprio centro, a negligência com as emoções e o excesso de compromissos que sobrecarregam o sistema digestivo, símbolo universal do processamento da vida.
A pessoa que desenvolve gastrite pode estar tentando “engolir” a vida sem conseguir digeri-la. Já quem sofre com colite pode estar tentando “expulsar” a dor de forma inconsciente, vivendo entre crises de explosão emocional ou contenção.
Essas doenças se tornam um espelho da sociedade moderna: indigesta, apressada e inflamada. E, ao contrário do que pensa a medicina tradicional, elas não se curam apenas com pastilhas ou antiácidos. Exigem reencontro com o próprio ritmo, com a escuta do corpo e com o perdão interior.
O Ritmo de Vida como Agente Inflamatório
Vivemos em uma época onde o tempo parece escasso e a urgência tornou-se norma. O relógio interno, que outrora seguia os ciclos do sol, da fome verdadeira e do descanso natural, hoje é manipulado por agendas, notificações, prazos e metas. Esse descompasso entre o ritmo da natureza e o ritmo imposto pela sociedade é um dos grandes vilões silenciosos na origem das doenças digestivas.
Quando comemos apressados, sem mastigar direito, engolindo não apenas o alimento, mas as emoções do dia, o estômago se torna um campo de tensão. Ele recebe o alimento físico, mas também o alimento energético do nosso estado emocional e, quando isso é caótico, a digestão se torna falha.
No caso da colite, esse ritmo frenético desregula todo o trânsito intestinal. Pessoas que vivem sob pressão constante tendem a alternar entre períodos de prisão de ventre e diarreia, como se o intestino fosse um termômetro das situações que não conseguem controlar. Ele se revolta, protesta, se contrai, tentando nos dizer que algo não está em equilíbrio.
No Taoismo, a saúde está associada ao fluxo suave da energia vital, o Qi. Quando o Qi flui livremente, não há doença. Quando ele é bloqueado, ou forçado, surgem os desequilíbrios. A vida moderna, com sua constante estimulação, seus ruídos mentais e sua desconexão do corpo, promove o bloqueio do Qi. E o sistema digestivo, por estar no centro do corpo, é o primeiro a absorver esse impacto.
A cura, portanto, também passa por um reequilíbrio do tempo. Comer com presença, viver com menos pressa, respirar antes de reagir. Essas pequenas atitudes restauram o fluxo vital e permitem que estômago e intestinos voltem a operar de forma harmoniosa.
Cura: Caminho ou Milagre?
Na medicina mecanicista, o conceito de cura muitas vezes se confunde com “controle” ou “remissão”. Se os sintomas cessaram, o paciente está bem. Mas no vitalismo, a cura é algo mais profundo, é a restauração da harmonia entre corpo, mente e espírito.
A verdadeira cura da gastrite e da colite só acontece quando o paciente compreende o papel que essas doenças exerceram em sua vida. Quando entende que o incômodo gástrico ou a crise intestinal foram pedidos de socorro do corpo espiritual.
Não há cura sem mudança de postura. Sem alimentação mais consciente, sem introspecção, sem ajuste de prioridades. E principalmente, sem coragem para dizer “basta” ao que nos intoxica emocionalmente.
Quando Procurar Ajuda?
É essencial reforçar: embora essa abordagem integre o olhar espiritual e emocional à saúde, nenhuma prática vitalista substitui o cuidado médico adequado. Em casos de dor abdominal, sangramento, perda de peso ou piora dos sintomas, o primeiro passo deve ser a consulta com um gastroenterologista, que fará os exames necessários.
A abordagem complementar vem como suporte, não como substituição. A medicina é uma aliada do espírito quando atua com ética, sensibilidade e conhecimento.
Considerações Finais
Gastrite e colite não são apenas problemas digestivos. São, acima de tudo, pedidos de silêncio, de reconexão e de escuta interna. Se o corpo inflama, é porque a alma queimava em silêncio há muito tempo. Se o intestino se contrai, é porque algo em nossa essência deseja expulsar o que nos intoxica.
A doença, nesse ponto de vista, não é inimiga, é mensageira. E quanto mais cedo escutarmos sua mensagem, menor será o sofrimento necessário para que ela cumpra sua missão.
“A doença é o esforço que a natureza faz para curar o homem.” (Carl Gustav Jung)